Objeto
Projeto ESPERANÇAR visa promover a interação, a socialização, a saúde emocional, a saúde física e o desenvolvimento de habilidades por meio de oficinas integradas em prol do envelhecimento ativo, digno e saudável de até 90 idosos moradores do Aglomerado Frigo Diniz (Cidade Industrial), Bairro Inconfidentes e seu entorno.
Justificativa da Proposição
Sabe-se que em todo mundo o envelhecimento da população é um dos fenômenos que mais tem ganhado relevância, visto que o aumento da expectativa de vida e o efeito do crescimento desta população gera demandas sociais e causam impactos em países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tem hoje em torno de 31,2 milhões de pessoas idosos em 2021, (14% da população total). Estima-se que esse número deve passar para 58,4 (26,7% da população total), em 2060 sendo estes números análogos aos de crianças e jovens de 0 a 15 anos, demostrando a inversão da pirâmide etária a partir do crescimento da população idosa. Os desafios gerados por essa inversão da pirâmide etária são consideráveis. A demanda de mais investimento no município de Contagem para o público idoso, especificamente no Aglomerado Frigo Diniz na Cidade Industrial e Inconfidentes, é evidenciada principalmente quando se transita nas ruas da região, onde se encontram muitos idosos sentados e ociosos na porta de suas casas.
Desde 2013 a CDM tem uma atuação no Aglomerado Frigo Diniz com crianças, jovens, adultos, idosos e seus familiares. Com os idosos foi realizado um trabalho na área da promoção do envelhecimento ativo, saudável e digno, por meio de ações pontuais como: oficinas de integração e fortalecimento da rede sócio assistencial através de instituições locais, mapeamento de empreendedores do Aglomerado, atividades físicas, dentre outras.
Entre os meses de fevereiro e abril de 2021 foi realizado um levantamento situacional do aglomerado Frigo Diniz e entorno onde foi identificado por meio de entrevistas com representantes de instituições locais e também idosos a necessidade de intervenções severas considerando o contexto pandêmico.
O discurso identificado a partir do contato com as lideranças comunitárias nos apresentou um cenário similar a outros locais de atuação da CDM, onde o contexto social já delicado foi agravado pela pandemia gerando uma situação de vulnerabilidade ainda maior. Diversas são as problemáticas identificadas, dentre elas: falta de alimentos para subsistência, dificuldade de aquisição de gás para cozinhar, custeio das contas de consumo (água, luz, aluguel), desemprego, aumento da violência doméstica, abandono de lar além de prejuízos na saúde mental, principalmente no caso de idosos, fruto da situação de isolamento social.
Na percepção das Lideranças Comunitárias a pandemia contribuiu fortemente para a exposição ainda maior das famílias a uma situação de vulnerabilidade. Se antes as famílias viviam com uma condição mínima de subsistência, com alimentos e custeio das contas de consumo, a situação atual os expôs ao desemprego, acarretando a diversas outras consequências que surgiram de forma abrupta. Com o aumento do número de pessoas ao longo do dia nas residências, foi relatado o aumento do consumo de modo geral, sejam alimentos, energia elétrica, água, gás e outras despesas domésticas. Outro ponto observado pelas lideranças foi o aumento de conflitos nos domicílios até então evitados pela falta de contato. Foi relatado ainda o aumento da violência doméstica, seja entre adultos mas também crianças a adolescentes, uma que sem aulas presenciais ficam expostos a todo o tipo de situação em seus domicílios, agravados pelo estresse dos adultos, falta de empatia e também despreparo dos familiares para lidar com as crianças e adolescentes que até então permaneciam em horário integral nas escolas, inclusive se alimentando. Um ponto que chama a atenção é o relato de aumento de problemas relacionados à saúde mental dos idosos. Sem atividades físicas regulares, sem a participação nos grupos de socialização, com o aumento do volume de moradores nas casas e o medo de serem contaminados, este público ficou ainda mais vulnerável, expostos tanto ao vírus quanto ao contexto familiar fragilizado e pouco saudável.
Importante destacar que a Frigo Diniz é um território de atuação da proponente, sendo assim vale a pena salientar o diagnóstico percebido durante às intervenções, sendo: carência afetiva, falta de informação sobre seus direitos, falta de perspectivas e sonhos, baixa autoestima, falta do olhar para si.
Considerando este contexto, entende-se que as atividades propostas nas oficinas integradas irão favorecer a saúde mental e física dos idosos, além de proporcionar espaços de interação, socialização e desenvolvimento de habilidades.